8 de mai. de 2011

Mamma





E hoje eu acordei mais cedo, depois de dormir praticamente o dia todo de ontem. Mais cedo sem despertador, sem uma obrigação social. Por instinto.

Instinto natural que me é inerente, que me compõe em cada célula. Eu, que nunca fui chegada a cozinhar, aprendi a fazer torradas especiais, panquecas, calda de chocolate e um complexo suco de mamão e laranja. Dois pratos, uma taça, uma bandeja e flores.

E eu que nunca fui das mais coordenadas realizei a façanha de não derramar uma gota sequer, de não chutar nem uma quina, de abrir a porta equilibrando tudo o mais que eu segurava. Milagre? Há quem diga que existe, eu prefiro chamar de inclinação natural para agradar. Agradar, a quem? A ela, mamãe.

Porque eu sei, nós sabemos, que ela, elas todas merecem muito mais que o melhor que possamos fazer. Hoje é só um dia, e um dia é pouco. Insuficiente. Elas merecem todos. Ingrata que sou - e ouso dizer, que somos - não reconheço todos os dias o valor dela, e por vezes desprezo, desvalorizo, porque ignoro. E mesmo assim, tenho tanto a agradecer.

Por estar aqui e por me fazer estar. Por me ensinar a não desistir. Por me apontar os defeitos, e do seu jeito me ensinar a consertá-los. Ainda que não estejamos sempre em sintonia, que haja choques de opinião, diferenças - quaisquer que sejam elas – são só um motivo a mais para que eu agradeça. Obrigada por me criar com um pensamento independente, ideias próprias.

Ainda que eu tenha uma tendência contrária a admitir que somos tão parecidas como uma imagem e seu reflexo, essa é uma realidade à qual tenho que me acostumar. No nosso caso, tanto na aparência quanto em todo o resto. Um fruto não cai longe da árvore, e ao que parece se não caí bem sobre as raízes, ainda não caí.

Sempre me recusei a entender as razões de milhares de mulheres que querem tanto, e desesperadamente, se tornarem mães. E não vou mentir dizendo que agora eu entendo. Porque pra mim, “ser mãe” nunca foi um desejo, sequer um plano. Mas, de repente, eu me sinto na obrigação de fazer por alguém aquilo que ela fez por mim, de ser um exemplo, de ser como ela. Porque eu não preciso entender pra enxergar que a balança é positiva.

Por fim, obrigada por criar mais uma futura mãe.